Max Gehringer
RICARDO CORRÊA
PERFIL
Max Gehringer é comentarista corporativo, autor de oito livros sobre o mundo empresarial – incluindo o recém-lançado Pergunte ao Max (Editora Globo) – e escreve semanalmente em ÉPOCA
Estar atualizado e saber aproveitar as oportunidades. Os dois fatores que impulsionarão ou retardarão carreiras na próxima década não vão se alterar substancialmente em relação aos últimos dez anos. O que mudará é a velocidade, fruto da evolução tecnológica, e o número de concorrentes bem preparados para disputar as melhores vagas.
O ENSINO
Quantas faculdades existem atualmente no Brasil? Depende do instante em que esta frase estiver sendo lida. Somando-se os cursos regulares de quatro anos, o ensino a distância e os cursos de tecnólogos (completados em dois anos), a cada 12 horas uma nova opção de curso superior brota em algum lugar do país. O Censo da Educação Superior, versão 2007, ainda se encontra em fase de tabulação de dados, mas deve revelar que o total de cursos oferecidos está beirando os 30 mil, que acomodam cerca de 6 milhões de alunos.
O número em si não é nenhum espanto. Apenas 20% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos são universitários. Na Argentina, são 30%. Nos Estados Unidos, no Japão e na Coréia do Sul, 50%. Em termos regionais, o velho desequilíbrio continua. Nas regiões Sul e Sudeste, o número de universitários já se aproxima dos 30%. Na Região Nordeste, está em 12%. Pelo lado bom, há cerca de 320 mil professores universitários no Brasil, e 25% deles têm mestrado e doutorado. Pelo lado não tão bom, mais da metade deles está concentrada na Região Sudeste.
Atualmente, menos de 8% dos brasileiros acima de 25 anos possui curso superior, ainda um índice mais para o Terceiro Mundo que para país desenvolvido. Em 2018, certamente teremos estatísticas bem mais vistosas, que impressionarão em congressos internacionais. O consistente crescimento registrado nos três últimos anos, tanto de cursos quanto de alunos, já deixou claro que abrir faculdades é um bom negócio para os empresários do setor, e essa tendência deverá se estender pelos próximos três anos, no mínimo. Porém, se a quantidade de formandos é apenas uma questão de projeção numérica, a qualidade do ensino passará a ser o centro das preocupações.
Nos dias atuais, já existe uma quantidade inquietante de cursos superiores que não vêm oferecendo aos alunos uma contrapartida à altura do investimento feito. Há alguns em que o número de candidatos é bem inferior ao de vagas oferecidas, o que torna o vestibular uma cerimônia pró-forma – conhecer as quatro operações e ser capaz de escrever uma dúzia de frases coerentes praticamente já garante a aprovação. A verdadeira disputa ocorre nas instituições públicas, em que a proporção candidato/vaga pode chegar a 20 por um. Mas, para cada instituição pública, há dez privadas. Exceção feita a algumas delas, que possuem renome suficiente para atrair mais interessados do que suas salas de aula podem comportar, nas demais apenas 75% dos assentos oferecidos são preenchidos. Essa ociosidade inevitavelmente levará a uma guerra de preços nos próximos anos, com reflexos saudáveis para o bolso do aluno, mas nem tanto em sua preparação adequada para o mercado de trabalho.
Na outra ponta da equação estão as empresas privadas, que continuarão a ser o primeiro objetivo de 60% dos formandos. E elas não confundem quantidade com qualidade. Por isso, os próximos dez anos dependerão de ações mais contundentes do MEC, tanto na avaliação dos cursos quanto no fechamento compulsório dos que não atingirem os níveis mínimos exigidos. Caso contrário, milhões de jovens correrão o risco de descobrir, tarde demais, que seus diplomas de curso superior serão papéis de pouco valor em processos de seleção.
Leia mais em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI4533-15273,00.html
Post by Renata Aline Nunes
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário